A disciplina Cuidados Paliativos está atualmente presente, como disciplina opcional, em 4 dos 8 cursos de medicina. Não existem unidades curriculares obrigatórias com esta designação, afirma a dissertação de Ana Rita Machado Gomes (mestre em Cuidados Paliativos da UCP).

Com o objetivo de compreender como se caracteriza a formação dos médicos de cuidados paliativos, a análise quantitativa desenvolvida pela investigadora, demonstrou uma homogeneidade na tendência para a ausência de sub-conteúdos mais específicos da área paliativa, insinuando a inexistência de um plano estruturado de ensino dos Cuidados Paliativos nas faculdades de medicina portuguesas.

Relativamente aos currículos das especialidades médicas avaliadas (Cardiologia, Cirurgia Geral, Endocrinologia/Nutrição, Gastroenterologia, Ginecologia/Obstetrícia, Hematologia Clínica, Doenças Infeciosas, MGF, Medicina Interna, Nefrologia, Neurologia, Oncologia, ORL, Pediatria, Pneumologia, Reumatologia), destacam-se os seguintes resultados:

• apenas Oncologia apresenta um estágio obrigatório em CP;
• a maioria dos programas das especialidades,
• 10 em 16, aparentemente nem sequer permitem estágio facultativo/opcional em CP;
• 7 das 16 especialidades não apresentam no seu plano curricular qualquer objetivo que se traduza em competência paliativa, nem sequer por aproximação; daquelas que apresentam objetivos associados a competências paliativas, destacam-se Oncologia, MGF e Medicina Interna por incluírem mais competências.

Globalmente, estes resultados adquirem “um peso negativo especial por se tratar de um conjunto de especialidades médicas associadas ao cuidado de doenças com grande potencial de necessidades paliativas”, afirma a mestre, demonstrando a sua preocupação com a urgente necessidade de análise e revisão da formação médica no que diz respeito a esta área para uma melhor prestação de cuidados de saúde.